06/02/13

IRVIN D. YALOM

Substituindo uma outra referência a este autor, agora sim, justifico o motivo pelo qual é um dos autores que aqui incluo. Realço dois contributos de Irvin D. Yalom: (1) A relevância que dá à nossa percepção de que somos seres mortais e sua contribuição para diversos desassossegos psicológicos; (2) O despudor em expor-se e colocar-se, a si ou aos terapeutas personagens dos seus romances, em circunstâncias menos clássicas durante o desenrolar do compromisso terapêutico entre psicoterapeuta e paciente, rumo ao equilíbrio psíquico de quem procura a sua ajuda.*
 
“De Olhos Fixos no Sol” de 2008 (em Portugal: 2008 Edições Saída de Emergência), um seu livro dedicado ao medo da morte, começa da seguinte forma:
 
«Este livro não é, nem nunca poderá ser, um conjunto de pensamentos sobre a morte, porque durante milénios todos os escritores sérios já abordaram a mortalidade humana.
 
Em vez disso é um livro profundamente pessoal, resultado dos meus confrontos com a morte. Partilho o medo da morte com cada ser humano e acredito que ela é a sombra da qual nunca nos poderemos separar. Estas páginas contam o que aprendi sobre como é possível ultrapassar o terror da morte, a partir das minhas próprias experiências, do trabalho com os meus pacientes e com os pensamentos daqueles escritores que complementam o meu trabalho. (…)»
“A Psicologia do Amor” de 1989 (em Portugal: 2011 Edições Saída de Emergência) é uma colectânea de dez histórias psicoterapêuticas, e descreve-se assim:
 
      «Estas são histórias verídicas, mas tive de fazer bastantes alterações para proteger a identidade dos pacientes. Em muitos casos, incluí substitutos simbolicamente equivalentes para determinados aspectos da identidade e das circunstâncias de vida de certo paciente; noutros enxertei aspectos da identidade de outros pacientes no protagonista. Em vários casos, os diálogos ficcionados e as minhas reflexões pessoais são post hoc. Os disfarces escolhidos são densos e as únicas pessoas que conseguirão ver quem está por detrás da máscara são os pacientes em causa. Qualquer leitor que julgue reconhecer um dos dez protagonistas estará, com toda a certeza, enganado.
            (…) Embora nestas dez histórias de psicoterapia as palavras «paciente» e «terapeuta» se repitam muitas vezes, que o leitor não se deixe iludir por esses termos: estas são histórias sobre todos os homens e todas as mulheres. Todos nós padecemos destes problemas; o rótulo de paciente é essencialmente arbitrário e, muitas vezes, depende mais de factores culturais, educacionais e económicos do que da gravidade da patologia. Visto que os terapeutas, assim como os pacientes, têm de enfrentar os mesmos dados adquiridos da existência, a atitude profissional pautada pela objectividade desinteressada que se impõe na aplicação de métodos científicos não se coaduna com a terapia. Nós, psicoterapeutas, não podemos simplesmente estalar a língua, comiserando, e exortar os pacientes para que enfrentem com determinação os seus problemas. Pelo contrário, devemos falar de nós próprios e dos nossos problemas, pois a nossa vida, a nossa existência, estará sempre ligada à morte, o amor ligado à perda, a liberdade ao medo e o crescimento à separação. Nós, todos nós, estamos nisto juntos.»

* Tenho de acrescentar que este autor foi-me inicialmente referido por uma paciente, antes mesmo de eu conhecer o seu trabalho.
 

Sem comentários:

Seguidores